Talvez vocês conheçam esta crônica do Diário do Engenho.
Resolvi trazê-la pra cá, porque se classificou para a fase
regional do Mapa Cultural Paulista
De Ostensílio a Tecnofóssil Vivo
No meio dessa gastança, alguns aparelhos permanecem essencialmente inalterados e sobrevivem desde períodos tecnológicos muito antigos. São tecnofósseis vivos. Claro que, em termos de tecnoconsumismo, a expressão “muito antigo” significa uns dez anos.
Antes visto como um ostensílio de primeira necessidade, o videocassete chegou à categoria de tecnofóssil vivo, ao sobreviver ao meteoro publicitário que anunciou a chegada do DVD. “Vídeo” ou “VCR”, para os íntimos, ele segue pacificamente ruminando suas fitas ao lado de novas tecnologias e deixou saudade nos que o trocaram por seu lerdo concorrente.
Nos primórdios da videolatria, a sofisticação e o preço do aparelho intimidavam os seres humanos adultos. As crianças, no entanto, aprendiam logo a abrir e fechar o compartimento da fita, que se erguia como um elevador, na parte superior do equipamento. Bastava os pais saírem, para os meninos colocarem seus carrinhos de brinquedo dentro do vídeo. O barulho das engrenagens emperrando precedia o grito e o chororô de “Pai, o videocassete engoliu meu carrinho!” E tocava levar o vídeo pro conserto!
Cães e gatos tampouco se intimidavam com a importância do VCR. Sem cerimônia, roíam o fio de seu controle remoto. Sim, o controle remoto era com fio. Acho até que só evoluiu para sem fio, por causa dos animais de estimação famintos. Por falar em fome… Quando a entrada da fita passou a ser feita por uma abertura frontal, o aparelho ganhou uma aparência mais amistosa para as crianças menores. Aos olhos delas, aquela grande boca retangular precisava ser alimentada com balas, chocolates e poderia (por que não?) aceitar chupetas.
Quando encontravam bolachinhas entre as engrenagens, as formigas se alegravam, mas seria injusto culpar as crianças pelo fato de alguns vídeos se tornarem verdadeiros formigueiros. O aparelho atrai formigas porque é quentinho e tem uma graxa doce, de cheiro apetitoso. Enquanto passeiam entre os componentes eletrônicos, as formigas são inofensivas, mas, quando morrem, liberam um ácido que danifica o aparelho. Pro conserto, outra vez!
Como um monstro mitológico, o VCR foi ganhando cabeças ao longo de sua evolução. Começou com uma de áudio e duas de vídeo. Terminou com sete, entre áudio, vídeo e apagamento. A cabeça, ou cabeçote, era o componente mais caro e frágil ao alcance do usuário metido a técnico. Quando a cabeça ficava suja, era comum haver quem se aventurasse a abrir o aparelho para limpá-la como se fazia com os cabeçotes dos velhos gravadores de fita K7, ou seja, usando álcool e um cotonete. Resultado? As fibras do algodão se enroscavam no cabeçote e o quebravam. Depois de desembolsar um bom dinheiro, os proprietários aprendiam como limpar direito ou deixavam a missão com os profissionais.
Por sorte, esses profissionais não se extinguiram. Foram apenas obrigados a evoluir, o que garante aos tecnofósseis atuais e futuros uma vida saudável enquanto existirem peças de reposição.
E as boas prosadoras não irão se extinguir jamais! Bjs.
ResponderExcluirIsso mesmo! Ainda bem que você se aproveita da tecnologia em qualquer tempo e seus excelentes escritos perduram!
ResponderExcluirExcelente crônica! Muitas vezes sinto-me uma "pessoassauro"...Minha corrida atrás da atualização tecnológica nem sempre coadunam-se com minha conta bancária! Então, adapta-se!Lê-se muito. Sabe-se que existe. Mas nem sempre são atingíveis! Ainda bem que sou alfabetizada e adoro ler e me cientificar da atualidade! Partilhando sempre! Abraço, Célia.
ResponderExcluirQuerida Carla
ResponderExcluirAchei este texto fabuloso! Muito bem escrito, com uma visão muito acertada e, com um certo humor, dizendo grandes verdades.
Realmente não há nada mais veloz do que o avanço da tecnologia (exceto o vento...). Oxalá o mesmo se passasse com a ciência...
Muito obrigada por suas palavras carinhosas. Qualquer dia farei um trabalho sobre Portugal. Fica desde já prometido. Mas não será já, já... É um trabalho que dá muito trabaho:))) porque preciso scanarizar muitas fotos, reduzir-lhe a resolução para não ficar muito pesado, etc., etc.
Mas é uma coisa que me dá muito prazer fazer; é uma maneira de reviver o passado...
Uma semana muito feliz. Beijinhos
Caramba !! e tinha controle remoto com fio ?
ResponderExcluirvou guardar esse texto para ler frequentemente.
ele é muito interessante.
bela postagem ,Carla !
beijoka !
Enquanto eu lia a sua crônica, ótima por sinal, muitas novidades estavam sendo lançadas no mercado. Nem quero pensar, Carla, quanto mais aprendo, mais vejo que nada sei, ufa! Beijos!
ResponderExcluirque delícia de ler!!!, e agora vou sair correndo dar uma "limpadinha" nos meus "aparelhos jurássicos" herança de papai, e merecem todo cuidado.
ResponderExcluirbeijos minha linda!!!
Mara
oi Carla,
ResponderExcluirparece incrível,
mas enquanto digitamos umas poucas
palavras,
milhares de inovações tecnológicas
estão acontecendo por ai,
acho que nunca vou acompanhar tamanha evolução,
sou meio lerda para tanta modernidade,(rsrsrs)
beijinhos e parabéns pelo texto
Passei para uma visita, aproveitando para seguir-te!
ResponderExcluirparticipe da promoçao permanente do meu blog, a cada mês, sorteia-se um livro de minha autoria entre os seguidores, basta seguir o blog e deixar um comentário dizendo que você está seguindo, que automaticamente estará concorrendo ao sorteio.
Um abraço forte, passa lá para ler o post dos desempregados.
Beijos
Adriana
Fascinante esse ensaio, muito bom mesmo!
ResponderExcluirComo se dá com muitos, Carla, eu também tenho uma relação conturbada com os eletrônicos. Meu VK7, por exemplo, está no descanço há anos. O senhor da eletrônica me despachou com a seguinte frase: "Tira isso daqui, ele é fino demais!" Os DVDs PLAYERs são ótimos, mas o VK7 me deixou saudades, tanto que sempre esteou desencaixotando-o, acho que apenas para fazer um carinho.
Abraços, querida!
Olá Carla, que tudo permaneça sempre bem contigo!
ResponderExcluirApesar de já conhecer o texto do Diário do Engenho adivinha! É minha cara, li novamente, é um texto agradável, que você produziu de maneira a nos envolver nas lembranças dos lançamentos tecnológicos e dos problemas causados pelas crianças e formigas aos aparelhos, muito humor nestas lembranças!
É como disse a Shirley, ainda que saibamos tudo, jamais saberemos o bastante!
Agradecido por tuas visitas e comentários sempre elogiosos as imagens que tenho postado, eu desejo a você e todos ao redor infinita felicidade, enorme abraço e até mais!
É Carla cada vez mais e cada vez mais rápido isso irá se repetir!
ResponderExcluirTomara que não tomemos o mesmo rumo e nos tornemos "humanofósseis"!
Um grande bj querida amiga
OI, Carla! Sua crõnica é perfeita.È realmente dificil acompanhar tudo isso. Más ao mesmo tempo há maior comodidade, e é claro as crianças adoram. Obrigada sempre pelo seu carinho! bjs e bjs....
ResponderExcluirOpa! Uma crônica revolucionária, com tecnologia de ponta, tudo que o brasil precisa... Nossa menina, como você é criativa, não a conheço, mas já me apresentastes através de tuas letras...
ResponderExcluirBacana!
Obrigada pela visita, e estou te seguindo, espero vê-la mais vezes e ler mais primores como este.
Um beijo.
Carla, os estagiários do meu trabalho não sabem o que é isso, fita k7. Eu comprei um gravador de dvd de mesa e agora a TV já vem com um embutido e já grava automaticamente. O meu gravador de DVD não tem mais peça de reposição, o dito canhão. Bom, então é melhor irmos acompanhando a tecnologia chinesa, rsrsrsr.
ResponderExcluirCamilo I. Quartarollo
Bom reler seus bons trabalhos. Sempre. (O Blogger não aceita mais minha foto no seu blog já faz algum tempo. Tá me estranhando... Se eu não fosse da turma dos tecnofósseis, aposto que ele me aceitaria) Beijo!
ResponderExcluirPois é, Carla, eu ainda tenho um vcr sobrevivente por aqui...
ResponderExcluirhahaha
ResponderExcluirquanta criatividade!
Olá, vim passear por aqui e adorei..!
ResponderExcluirEu gosto de coisas antigas, acho lindo e aproveito pra decoração. tenho máquina de escrever, máquina fotográfica de 1960, daquelas p/b.. Mas como a tecnologia avança muito rapidamente, eu aproveito muitas coisas pra usar em minhas peças de arte. Reciclo fazendo outras coisas. Fica lindo.
Parabéns pelos textos.
Visite meu blog.
bj