segunda-feira, 25 de julho de 2011

Concurso de Microcontos de Humor


Oi, pessoal!

Até dia 14 de agosto, dá tempo de se inscrever no Concurso de Microcontos de Humor de Piracicaba.

Mais informações: http://biblioteca.piracicaba.sp.gov.br/site/?p=2520

Boa sorte!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Clepsidras

Poema classificado para a fase regional do Mapa Cultural Paulista

Clepsidras

Mania de precisão:
O homem que controlava
Os velhos relógios d’água
Sempre disse que faltava
“Uma gota pra hora exata”.

A menos ou a mais? Não importa!
O fato é que a hora certa,
Por certo, se esconderia
No pingo que lhe sobrasse
Ou no que lhe faltaria.

E que falta lhe faria
A conta da gota exata
Na exata conta da gota
Da qual faz parte este dia!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

De Ostensílio a Tecnofóssil Vivo

Talvez vocês conheçam esta crônica do Diário do Engenho.
Resolvi trazê-la pra cá, porque se classificou para a fase
regional do Mapa Cultural Paulista

De Ostensílio a Tecnofóssil Vivo

A tecnologia envelhece mais rápido do que nós ganhamos dinheiro para substituir nossos ostensílios (utensílios de ostentação) eletrônicos por modelos último tipo. Produtos de ostentação pública, como celulares, ficam no topo da cadeia de renovações periódicas. Alguém ainda sai carregando um celular antigo, tipo tijolão? As TVs, como ostensílios domésticos, nos quais vemos o mundo e sonhamos ser vistos por ele, também são trocadas com frequência. Passam por achatamentos, esticamentos e fazem jus a uma infinidade de novos painéis e suportes decorativos para mostrar pras visitas.

No meio dessa gastança, alguns aparelhos permanecem essencialmente inalterados e sobrevivem desde períodos tecnológicos muito antigos. São tecnofósseis vivos. Claro que, em termos de tecnoconsumismo, a expressão “muito antigo” significa uns dez anos.

Antes visto como um ostensílio de primeira necessidade, o videocassete chegou à categoria de tecnofóssil vivo, ao sobreviver ao meteoro publicitário que anunciou a chegada do DVD. “Vídeo” ou “VCR”, para os íntimos, ele segue pacificamente ruminando suas fitas ao lado de novas tecnologias e deixou saudade nos que o trocaram por seu lerdo concorrente.

Nos primórdios da videolatria, a sofisticação e o preço do aparelho intimidavam os seres humanos adultos. As crianças, no entanto, aprendiam logo a abrir e fechar o compartimento da fita, que se erguia como um elevador, na parte superior do equipamento. Bastava os pais saírem, para os meninos colocarem seus carrinhos de brinquedo dentro do vídeo. O barulho das engrenagens emperrando precedia o grito e o chororô de “Pai, o videocassete engoliu meu carrinho!” E tocava levar o vídeo pro conserto!

Cães e gatos tampouco se intimidavam com a importância do VCR. Sem cerimônia, roíam o fio de seu controle remoto. Sim, o controle remoto era com fio. Acho até que só evoluiu para sem fio, por causa dos animais de estimação famintos. Por falar em fome… Quando a entrada da fita passou a ser feita por uma abertura frontal, o aparelho ganhou uma aparência mais amistosa para as crianças menores. Aos olhos delas, aquela grande boca retangular precisava ser alimentada com balas, chocolates e poderia (por que não?) aceitar chupetas.

Quando encontravam bolachinhas entre as engrenagens, as formigas se alegravam, mas seria injusto culpar as crianças pelo fato de alguns vídeos se tornarem verdadeiros formigueiros. O aparelho atrai formigas porque é quentinho e tem uma graxa doce, de cheiro apetitoso. Enquanto passeiam entre os componentes eletrônicos, as formigas são inofensivas, mas, quando morrem, liberam um ácido que danifica o aparelho. Pro conserto, outra vez!

Como um monstro mitológico, o VCR foi ganhando cabeças ao longo de sua evolução. Começou com uma de áudio e duas de vídeo. Terminou com sete, entre áudio, vídeo e apagamento. A cabeça, ou cabeçote, era o componente mais caro e frágil ao alcance do usuário metido a técnico. Quando a cabeça ficava suja, era comum haver quem se aventurasse a abrir o aparelho para limpá-la como se fazia com os cabeçotes dos velhos gravadores de fita K7, ou seja, usando álcool e um cotonete. Resultado? As fibras do algodão se enroscavam no cabeçote e o quebravam. Depois de desembolsar um bom dinheiro, os proprietários aprendiam como limpar direito ou deixavam a missão com os profissionais.

Por sorte, esses profissionais não se extinguiram. Foram apenas obrigados a evoluir, o que garante aos tecnofósseis atuais e futuros uma vida saudável enquanto existirem peças de reposição.