segunda-feira, 9 de abril de 2012

Cusco, O Umbigo do Mundo

Este céu promete e cumpre. Chove muito, no verão cusquenho.

Depois de percorrer, de ônibus, uma boa parte do desértico litoral peruano, tomamos um avião de Lima até Cusco, a 3.223 metros de altitude, na cordilheira dos Andes.

O nome original da cidade, em língua quéchua, é "Qosqo". Significa "umbigo do mundo". Pode parecer pretensioso, mas fazia sentido, pois a cidade era a opulenta capital do Império Inca, que dominava territórios e povos dos atuais Equador, sul da Colômbia, Peru, Bolívia, noroeste da Argentina e norte do Chile.

Quando os conquistadores espanhóis chegaram, o Império Inca estava em guerra civil. Dois grupos rivais lutavam pelo poder. Um apoiava o filho legítimo do Imperador inca Huayna Capac, outro apoiava seu filho bastardo. Nessa luta entre incas, Cusco foi destruída e incendiada. Foi assim que os espanhóis a encontraram, mas sobrava muito ouro saqueável em seus numerosos templos.

Através da força e de alianças com os povos locais, os espanhóis venceram os incas, apossaram-se de suas riquezas, destruíram seus templos e construíram igrejas católicas sobre seus alicerces.

Catedral de Cusco, construída sobre um antigo templo inca

 
Igreja da Companhia de Jesus, onde antes era o palácio
do Imperador Huayna Capac

Na minha opinião, o melhor das igrejas de Cusco está em seu interior, as obras de arte sacra, do período colonial. Pena que não nos deixam fotografar nem filmar.

Na Catedral, por exemplo, há um enorme quadro da Santa Ceia à moda peruana. Um dos alimentos à mesa é um cuy assado. O cuy é uma espécie de porquinho-da-índia, muito apreciado no país.

A Praça de Armas, no centro de Cusco, onde os
espanhóis aprisionaram o líder inca Atahualpa

Uma inconfundível parede inca, pedras perfeitamente assentadas

Bairro de San Blas, arte peruana e artesanato hippy

Niño Manuelito, versão cusquenha do menino Jesus

Antes que me perguntem, a resposta é "não". Não comemos cuy assado. Pobre bichinho! 

Também não compramos uma escultura do Niño Manuelito, embora haja muitas e lindas. Seus cabelos são humanos. Os meninos de Cusco esperam até os três anos de idade, para cortar o cabelo pela primeira vez. Doam as mechas para os artistas que fazem essas estatuetas.

Nosso dinheiro extra foi gasto em museus e livros. Somos turistas atípicos.

13 comentários:

  1. Prefiro concluir que sejam turistas conscientes... Viajei com você, Carla! Bela descrição e ilustrações!
    [ ] Célia.

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  2. Adoro ser turista atípica. Não resisto uma livraria em qualquer lugar do mundo.
    Um grande bj querida amiga

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  3. Gostei de sua dissertação, Carla, e gostei mais ainda de saber que você não corroborou para a morte do cuy... Um beijo, continue!

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  4. oi Carlinha,

    também sou,
    compro muito pouco
    e vamos aos lugares que poucos vão...
    gostamos de ser diferentes,
    chega de gostos fabricados...

    beijinhos

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  5. Apesar da parte triste da dominação europeia, é fascinante esta história. E que fotos maravilhosas... O Algo além dos Livros tá show!
    Todas as postagens que fez sobre sua viagem estão ótimas, mas esta foi minha preferida. O que mais me agradou foi a a imagem do guerreiro (na abertura), o nome da cidade na língua nativa (Qosqo - suspirei) e sua didática (esta última está também em todas as anteriores :)
    Beijo!

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  6. E por falar em umbigo, não é Carla? [risos]

    Achei Cusco encantador, vista por teus olhos...

    Um abraço, querida!

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  7. Hahahaha então sou turista atipica tb kkkkkk!
    Adoro ver tuas fotos, sempre muito interessantes Carlinha!
    Beijos!

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  8. Já falei que TENHO que ir ao Peru, depois de ler seus posts???
    Eu tb não comeria o cuy, mas compraria uma estatueta do Niño. Nossa estante tem três prateleiras de lembrancinhas (bem "inhas" mesmo) de cada lugar por onde passamos, então o Niño seria bem vindo!
    Eu tb gasto dindin em museus, não tanto em livros (nas viagens)
    Bjooo

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    1. Você é mais esperta do que eu, Bel. Livros pesam muito para trazer, mas eu não resisto. :) Beijos!

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  9. Minha querida

    Imagens lindas e uma bela descrição da viagem...adorei mais este passeio.

    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  10. Olá escritora Carla, desejo que tudo esteja e permaneça bem contigo!

    Cá estou novamente para ler teus relatos das viagens por belas paisagens por este continente americano do sul, e admirar as belas imagens também, ou seja, diminuindo a saudade que estava em estar por este teu belo espaço que realmente é Algo além dos Livros. E aproveitar e agradecer por tuas sempre tão gentis visitas por lá, e assim desejar a você e todos ao redor um viver deveras intenso e feliz, um enorme abraço e até mais!

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  11. Querida Carla, gosto tanto de como escreve que me sinto intima de você, como se conhecesse por longas datas. Eu sou uma glutona, com certeza teria experimentado o cuy e com todos os acompanhamento. Se um dia Deus me permitir visitar a cidade te conto.

    beijos.

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  12. Olá, Carla
    Muito boa a sua descrição deste passeio a Cusco, que deve ter sido uma maravilha. As fotos estão muito boas e levam-nos a imaginar a beleza dos locais.
    Desta vez quero dizer três coisas ... :)
    - Eu também não comeria o cuy. Sou muito esquisita nas comidas... especialmente tratando-se de animaizinhos.
    - Eu teria comprado, sim, uma "estatueta" de Niño Manuelito; por um lado porque gosto de ter lembrancinhas dos sítios por onde passo, por outro lado porque adoro "Meninos 'Jesuses'".
    - Por fim, uma observação muito minha, que faz parte da minha convicção pessoal - Não entendo porque os católicos (espanhóis ou não) tinham que construir as suas igrejas ou catedrais em cima dos monumentos que lá existiam antes.
    Não tinham espaço bastante noutro local??? Bem que escusavam de destruir monumentos que hoje, ainda que estivessem em mau estado poderiam ser restaurados. E fariam, com certeza, parte do Património Mundial. Mas isto levava-nos a outra conversa... :)))

    Semana feliz. Beijinhos

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