Poema dedicado a todos os gatos gordos que já tive
Oi, pessoal!
O poema de hoje pede uma explicação.
Aqui onde moro, os poetas costumam propor desafios uns aos outros. Um dia, o poeta Esio Pezzato sugeriu o tema "Que herança irei deixar para este mundo". Saíram sonetos lindos falando sobre valores morais legados aos filhos.
Acontece que não tenho filhos, então resolvi fazer um soneto de brincadeira.
Mais Tarde
Pergunta-me o poeta Esio Pezzato
Que herança irei deixar para este mundo.
Mas como responder de modo exato,
Sem dia de partir, hora e segundo?
Se agora, por exemplo, as botas bato
E, em Terras dos Pés Juntos, me aprofundo,
Só deixo este soneto e um pobre gato
Faminto a se esgoelar miando fundo.
Soneto inacabado, gato à míngua...
Que herança mais mesquinha! Dobro a língua.
Ou bato na madeira e a língua mordo?
A morte que me aguarde. Eu vou mais tarde,
Deixando neste mundo, sem alarde,
Soneto terminado e um gato gordo.