terça-feira, 31 de maio de 2011

Cantar


Não creio ser melhor sofrer calado.
Prefiro opor à dor qualquer cantiga.
Cantando, mando ao mundo meu recado
E evito que a tristeza só prossiga.

Amores transformados em enfado
Encontram companhia mais amiga
Nos cantos de carinho abençoado
Que afastam, docemente, toda intriga.

Cantar é ter, nos lábios, oferendas;
Pôr luzes no viver, quando escurece;
Guardar-se do deserto, em leves tendas.

Um canto de alegria mais parece
Magia a ressurgir de velhas lendas
Ou anjos recitando antiga prece.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

CariCarla

Minha mãe e meu marido concordam: Tá a minha cara!

Taí, gente! Pra quem fica perguntando como eu sou, não tem melhor resposta do que a caricatura feita pelo Érico San Juan.

Posso até ficar mais feiinha ou mais bonitinha, dependendo da foto e da (des)arrumação, mas boa parte da minha personalidade está aí, no desenho.

O Érico fez a caricatura na Festa das Nações de Piracicaba - SP, em, no máximo, uns três minutos. Talento é isso!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Desaforo, em Caxambu

Serpentes da medicina se desafiam no balneário de Caxambu

Durante a Semana Santa, fiquei hospedada em Caxambu - MG. A cidade abriga o maior complexo hidromineral do mundo, com 12 tipos de água, para tratamento de inúmeros males.

Em 1868, a Princesa Isabel e seu marido, o Conde d'Eu, recorreram a uma dessas águas para curar a princesa de uma anemia que a impedia de ter filhos. Grata pelo sucesso do tratamento, a princesa ergueu em Caxambu a igreja de Santa Isabel da Hungria. Desde então, a cidade passou a atrair um número impressionante de nobres e plebeus.

Turistas não lhe faltam e, onde há turistas, há guias tentando mostrar pontos pitorescos e fazer atividades interessantes. Meu guia regional, depois de falar do que sabia e inventar o que ignorava, propôs um desafio, um torneio de desaforos, à moda dos repentistas. Começou mineiramente, com o "clássico":

Uai, uai,
Quem tropica também cai.
Sua mãe morreu sem dente
De tanto morder seu pai.

E daí descambou:

O seu pai se chama Porco.
Sua mãe, Porca Maria.
Seus irmãos são uma porcada.
Olha só que porcaria!

Versos depois, tive que dizer alguma coisa e deixei este mimo do desaforo regional:

Caxambu tem morro e água.
Baependi, mais morro ainda.
Quando seu pai põe anágua,
Sua mãe acha ele linda.

Pronto, participei. :)
Mas que linda brincadeira pro Sábado de Aleluia!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Nhá Chica

Eu e a estátua de Nhá Chica, doada por Paulo Coelho

Hei, pessoal, já ouviram falar de Nhá Chica e seus milagres?

Confesso que, antes de chegar a Baependi - MG, na Semana Santa, nada sabia a respeito dessa senhora cujo processo de beatificação está em andamento no Vaticano.

Por favor, não confundam Nhá Chica com Chica da Silva, que, de santa, não teve nada.

Filha de escrava e senhor de escravos, Nhá Chica viveu seus 87 anos de pobreza e dedicação à Igreja durante o século XIX. Seus contemporâneos já a consideravam sábia e santa por seus conselhos e graças obtidas através de orações a Nossa Senhora da Conceição, a quem chamava de "Minha Sinhá".

O escritor Paulo Coelho atribui à proteção de Nhá Chica o fato de haver sobrevivido a um gravíssimo acidente de carro e, também, o sucesso de sua carreira como escritor. A estátua na foto acima foi um presente dele à igreja de Nossa Senhora da Conceição, mais conhecida como igreja de Nhá Chica, em Baependi.

Gostei de conhecer Nhá Chica e só não lhe pedi uma forcinha pros meus escritos porque era sexta-feira, dia em que a santa preferia não atender.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Bombardeio

As pegadas do temor demoram a se apagar.

Bombardeio

Em ziguezague, descendo,
O acaso premeditado
Nos atingiu como um raio.

Num raio de tantas milhas,
Tantas águas, tantas ilhas,
Nós fomos alvo perfeito,
Eleito na mosca, em cheio.

E lá se foi como veio,
Num ziguezague constante,
O acaso premeditado.
Quase tudo como antes:
Ilhas, águas, tantas milhas
E um feroz temor aos céus.