terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Encomenda Póstuma

Achei esta foto no Google. Retiro se o dono pedir.

Encomenda Póstuma

Hoje encomendaram um poema póstumo.
Um rapaz armado assaltou-me em casa.
Não queria vídeo,
DVD não tinha.
Tomou toda a vodca,
Mas queria crack.

“Droga de poeta que não tem dinheiro
Nem cartão de crédito!
Passa a grana ou morre!”

Tentei convencê-lo:
Um poeta morto nada lhe valia.

“E um poeta vivo vale o quê? Poesia?”

Acertou-me o peito do lado direito
E gritou: “Não morre, frouxo de uma figa!
Foi de brincadeira. Anda, acorda logo!”

Segurou-me o pulso.
Implorou contrito:
“Olha, eu acredito nessa história toda
De ter outra vida quando a gente morre.
Se você for nessa... se bater as botas,
Manda uma mensagem, diz que me perdoa.
Manda lá pro centro... lá onde eu frequento.
Pode ser poesia.
Qualquer coisa serve.”

24 comentários:

  1. Oi, pessoal!

    O Blogger não está me deixando comentar em alguns blogs, mas continuo lendo.

    Beijos!

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  2. Hoje me assustei com a crueza das palavras, mas mesmo assim encontrei o lirismo que camuflaste em cada uma delas.
    Também estou com dificuldades em comentar.
    Um grande bj querida amiga

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  3. oi Carlinha,

    você é incrível,
    sou sua fã número um...
    pode apostar tenho até carteirinha...

    beijinhos

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  4. Oi, Carla, que legal, adorei a sensibilidade do assaltante. Fica comprovado que os brutos também amam. Beijo e uma noite de paz!

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  5. Uma visão até romântica das barbáries que presenciamos hoje... :)
    Abraço, Célia.

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  6. Muito legal seu poema, Carlinha. Beijos!

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  7. Minha querida

    Um poema belo para o feio que acontece nos dias de hoje com a criminalidade...Adorei e deixo um beijinho com carinho.

    Sonhadora

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  8. Carla... Você nos toca de uma forma intensa com as suas criações.
    Essa postagem, após ter a minha casa arrombada conseguiu arrancar de mim fortes suspiros.
    Meus passos ainda estão lentos pela blogosfera, mas sempre que posso estou aqui lendo e admirando as suas postagens.
    Beijos com muito carinho e admiração

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  9. Olá poetisa, que permaneça tudo bem contigo!

    Sempre com este teu estilo de escrever sobre o atual sem chocar está deixando seu recado neste belo e inteligente poema, e como de outras vezes devo parabenizá-la por este teu estilo que sempre encanta.
    E grato por tuas visitas e comentários deixo meu sempre desejo que você e todos ao teu redor tenham um intenso e feliz viver, abraços e até mais!

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  10. [risos]

    Plá, plá, plá, plá...

    Palmas para você. Perfeita criação.

    Final de semana sem ladrão para você!

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  11. Ai, que me doeu...
    Vc soube que eu fui assaltada há alguns dias, na porta de casa... e lendo seu poema, lembrei de tudo!
    Claro que seu ladrão foi mais poético... o meu foi: "perdeu, não raste o carro que eu lhe atiro!"
    É mole??? Cadê poesia?

    Mas você consegue colocar poesia até num assalto!
    Cruz credo!!!

    Bjooo

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  12. Carla, esta vítima foi criativa e vai baixar em algum centro, mas dizem os entendidos que a alma vai purgar em algum lugar para enfrentar o que deixou para trás em outras vidas; e poetas são assim mesmo em vida terrena e o que mais existe é alma de poeta perdido por aí, ahahah.

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  13. Passei novamente por aqui para agradecer o carinho das palavras!
    É sempre bom tê-la por perto!
    Um beijo carinhoso

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  14. Boa tarde Carla. Fiquei sem fôlego, tão forte é este poema, pude ver a cena se formando dentro de mim. Preocupa-me muito que fatos assim aconteçam todos os dias, com poetas, pais de familia e tantas pessoas que não voltam para contar sua história. Parabéns é de poetas engajados que precisamos para tocar o coração das pessoas.

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  15. sílvia regina de oliveira11 de dezembro de 2011 às 20:24

    ai ai ai, carla,

    até o último minuto, mesmo se for no derradeiro, alguma Poesia é lembrada... valeu pelos 2 lados criativos: do assaltante e do assaltado!

    bjs sem susto, pelo amor!
    safyra

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  16. Muito oportuno seu comentário recomendando para que eu parasse de procurar carteira perdida, já providencio documentos novos porque a vida continua e somos abatidos e roubadods sempre por aí.
    Cadinho RoCo

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  17. Que intensidade, amiga...
    Muitos realmente acham opoeta um ser sensível demais, quase frouxo, mesmo e que só serve para fazer poesias, mas há poetas que passaram por este mundo e que continuam passando que são bem mais que filósofos - trabalhadores, operários que produzim para a alma de tantos... Lindo.
    Abraços, minha linda!!!

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  18. Carla, essas suas encomendas são todas ótimas. Vou encomendar uma poesia, quanto custa? Algumas horas de pensamento fantasia? Humm, isso é muito caro, rouba toda a realidade. O ladrãozinho não sabia que a poesia o entorpeceria muito mais que o crack ou o que qualquer droga faria.
    Ótima! Beijo!

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  19. Oi, gostei dos teus poemas, excelente teu blog, parabéns!

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  20. Nesses novos tempos,
    não há nada mais
    "qualquer" do que poesia.

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  21. Minha querida

    Hoje passando para agradecer o carinho de sempre e oferecer uma fatia de bolo de aniversário...embora virtual é de coração.

    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  22. Teu post hoje esta fora de série.Parece mentira que este tipo de acontecimentos são frutos de nossos dias atuais.Gosto muito de passar aqui no teu blog pois acho excelente o que escreves e apresentas.Grande abraço.

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  23. Olá Carla. Só posso dizer que adorei a mensagem pro ladrão rs rs rs muito inteligente. Gostei muito dessa visão romântica do poema! Bjos perfumados e todo carinho pra vc. Obrigada sempre!

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